Polimorfismo genético associado à doença periodontal na população brasileira
HOÇOYA, L. S.; JARDINI, M. A. N. Polimorfismo genético associado à doença periodontal na população brasileira: revisão de literatura. Rev Odontol UNESP, Araraquara. set./out.; 39(5): 305-310, 2010.
A doença periodontal é um dos problemas de saúde bucal que mais acomete a população brasileira. Alguns estudos têm mostrado que a distribuição da doença não é semelhante se forem comparados países desenvolvidos e em desenvolvimento, assim como as populações urbanas e as isoladas. Dentre as variáveis associadas a um maior ou menor risco para a periodontite, destacam-se: fumo, idade, nível socioeconômico, raça, gênero, nível de instrução, frequência de atendimento odontológico, dentre outras.
O polimorfismo genético é a variação genética na sequência de alelos, na sequência de bases nucleotídicas ou na estrutura cromossômica, que ocorre com uma frequência maior que 1% na população. O tipo de polimorfismo em evidência na literatura é o de base única, conhecido como Polimorfismo de Nucleotídeo Único (SNP), que consiste em uma variação da identidade de um nucleotídeo singular num sítio particular do genoma.
A presença de um polimorfismo pode implicar em mudança no código genético, que é a relação entre a sequência de ácido desoxirribonucleico (DNA) e a sequência da proteína correspondente, levando a alterações no genótipo (sequência de bases), afetando ou não o fenótipo, que determinará a função proteica. Ou seja, pode influenciar o nível de secreção de substâncias e variações nas respostas imunológica e inflamatória individuais frente a uma agressão bacteriana..
O primeiro trabalho comprovando a correlação entre a doença periodontal e a interleucina 1 (IL-1) foi de Kornman, em 1997; a partir de então, muitos estudos vêm sendo realizados com o objetivo de associar gene do polimorfismo com a periodontite. Polimorfismos nos genes da IL-1 estão entre os mais estudados na população brasileira. Esta é uma citocina pró-inflamatória que está envolvida no início e na progressão da destruição do tecido conjuntivo e ósseo. Potente estimulador de reabsorção óssea, da produção de proteases e da síntese de ácido araquidônico, substâncias estas diretamente relacionadas à periodontite.
Os polimorfismos têm suas frequências e distribuições variando consideravelmente conforme diferenças raciais e têm sido usados como marcadores genéticos para localizar os genes causadores das doenças por meio dos estudos das heranças. Porém, a presença de um polimorfismo genético não deve ser considerada como diagnóstico para a doença periodontal. Ele deve atuar como indicador de prognóstico, auxiliando o profissional a optar pela melhor conduta de tratamento, uma vez que a escolha da terapia é baseada não só na destruição periodontal que o paciente apresenta, mas também no seu risco de desenvolver problemas periodontais mais severos.
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